quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Mamãe Margarida ...




Margarida Occhiena, a mãe de Dom Bosco, nasceu no Piemonte, norte da Itália, no povoado de Capriglio, no dia 01 de abril de 1788 e faleceu em Turim em 25 de novembro de 1856;
Margarida adquiriu, com a idade e a ação da graça divina, o espírito de fortaleza, a confiança ilimitada em Deus, o equilíbrio da prudência e do são critério. A maneira simples, desembaraçada, franca e firme no falar, no decidir, no agir.

Casou-se em 06 de junho de 1812 com Francisco Luís Bosco, viúvo de primeiras núpcias, cujo filho Antonio, então com 04 anos, ela adotou, criou e o educou como seu, com todo o carinho como fizera com seus próprios filhos: José e João Melquior.
Apenas cinco anos durou o enlace que tão bem iniciara. Francisco Bosco, vindo do campo suado, entrou na adega fria pouco depois de sair já começou a sentir-se mal. Uma febre violenta apossou-se dele. Mal podia respirar. Era a pulmonite, foi fulminante, não resistiu e morreu logo depois, no dia 11 de maio de 1817.

Margarida tirou a aliança do dedo de Francisco e colocou-a em seu dedo junto com a sua. Era a recordação que dele quis guardar. Fidelidade e amor até a morte. Sempre que vinham lhe dizer que seria bom para ela aceitar algum pretendente ( o que não faltava ), para ajudar a criar os filhos, ela mostrava as duas alianças.
Tinha agora dupla missão: ser mãe e pai, disse certa vez: “Não os abandonarei jamais, ainda que me ofereçam todo o ouro do mundo”.

A jovem camponesa, robusta, forte, acostumada às labutas diárias da vida da roça, viúva tão cedo, desdobrou no trato da terra, nos cuidados da família, na educação dos filhos.
Enfrentava dificuldades, arcava com canseiras, com o preparo da terra, com as sementeiras, o plantio, as podas, as colheitas, o armazenamento, tantas trabalheiras mais, próprias da vida do agricultor.Suas mãos, mesmo calejados, eram suaves, carinhosas, em acariciar os filhos, em arrumá-los, vesti-los, em oferecer-lhes segurança e fortaleza que dificilmente outra mãe lhes poderia dar. Só a fé em Deus evitara que sucumbisse.

Quis sempre o melhor para os filhos e sentindo a vocação de João Bosco para o sacerdócio, tudo fez para vê-lo realizar seu sonho.Certa vez decidiu chamar Joãozinho e conversou com ele. Em meio às lágrimas decidiram que Joãozinho devia sair de casa e ir procurar trabalho nos sítios vizinhos. João sabia das dificuldades que iria enfrentar, todavia, obedeceu a mãe que como ele também sofria.

Apesar de extrema, tal atitude foi a mais correta que se podia tomar e, a despeito de tudo,    ( o futuro provará ), foi daí que se deslanchou a carreira do nosso caro santo.
Na vida dos grandes santos, a presença da mãe na formação dessas extraordinárias personalidades é quase uma constante.Com Dom Bosco não foi diferente.

Certa vez, a família ajoelhada rezava as orações da noite. Entoava-se o Pai Nosso. Ao chegar ao perdoai as nossas ofensas..., Margarida suspendeu a prece e, dirigindo-se a Antonio:
__ Você não deve rezar esta parte que segue.
__ Por que, mãe? Retrucou o rapaz admirado.
 __ Porque você vive brigando com seu irmão. Não perdoa nunca. Se você rezar, estará mentindo e não se mente para Deus!
Houve um momento de silêncio, reflexão e, por fim, Antonio disse constrangido:

__ Mãe, perdoa-me. Vou procurar não fazer mais. Ao que Margarida, sorriu para o enteado e continuou: __ assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido ....

Mamãe Margarida foi convidado por Dom Bosco para morar junto dele e dos meninos, pois sua presença o ajudaria com a educação dos meninos. Seria bom que Margarida ficasse no meio deles para impedir que cometessem alguma falta, sobretudo quando havia convidados.
         Não é o meu lugar, dizia ao filho. A presença de uma mulher destoaria ali. Mas mesmo assim Dom Bosco  insiste e ele aceita, vai morar com ele em Turim e larga todo o sossego dos Becchi.
Um jovenzinho chegou ao Oratório numa tarde chuvosa, todo encharcado.
Margarida recebeu-o carinhosamente, fê-lo sentar-se junto ao fogo e, quando sua roupa ficou seca, pôs-lhe diante um fumegante prato de sopa de pão.
Dom Bosco encontrou-o já bem alimentado e disposto. Órfão, viera de Valsesia a procura de trabalho.
__ E agora, onde queres ir?
__ Não sei mesmo. Por favor, dê-me um lugarzinho para passar a noite.
__ Se você concordar, arranjarei um cantinho para ele passar a noite e, amanhã, Deus proverá.
__ Na cozinha! E se ele fugir com as panelas?
         Margarida trouxe alguns tijolos, duas tábuas, o colchão de D Bosco, lençol, um cobertor.
À beira da caminha improvisada, Margarida fez um pequeno sermão ao menino: falou-lhe da dignidade do trabalho, da lealdade e da religião.
Puxando o cobertor para cobri-lo melhor, sussurrou-lhe no ouvido: Boa noite filho!
__ Obrigado mamãe! Boa noite! Sussurrou-lhe o jovenzinho.  E dormiu ...

Desde então, seguindo o seu exemplo, em todas as casas salesianas do mundo, o diretor ou quem o substitui, antes que os meninos e os salesianos vão dormir, dirige-se a eles um palavra amiga, lança-lhes uma semente nos sulcos da alma e lhes dá o “boa noite”. O bom senso e o zelo apostólico de Mamãe Margarida, tornaram-se norma, recurso educativo.

Assumiu sua cruz com resignação e alegria, permanecendo no Oratório com Dom Bosco, até a morte no dia 25 de novembro de 1856. Morreu em Turim. De pneumonia, no dia 25 de Novembro de 1856, com 68 anos. Acompanharam-na ao cemitério muitos meninos que a choraram como se chora a perda da própria mãe. Gerações de Salesianos a chamaram de Mamãe Margarida, e foi declarada serva de Deus e aguardamos sua causa ser introduzida e quem sabe poderá ser declarada santa, colocando-se ao lado de seu filho Joãozinho nos altares de Deus !

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